sábado, 11 de julho de 2009

Artifícios




O ressonar sereno da palavra que repousa é a afirmação precisa de que a vida segue viva. Afoita, calada, pronta, inacabada, não se permite amordaçar pela ameaça do tempo.
Passa, deixa, leva, traz. Não importa!
Viver é conjugar o possível verbo, que se insinua sem docilidade e se apodera da contigência ixstencial do infante poeta.
Dores e ausências são matérias cotidianas.
Alegria, por vez.
Se vier mais freqüentimente, a poesia se vai..
Melhor que se esconda por perto, caso seja solicitada, para que esteja à mão, sem estar.
Ela substitui a palavra, amordaça o verbo, desaponta a caneta, tempera o poeta.
A sobriedade é raiz fecunda, projeto válido para quem deseja o fundo e não se contenta com a primeira fala.
A força contrária desenvolve heróis...
A força da fala revigora o gesto.
Palavra são artifícios da alma.
Diz quem quer...fala quem pode.

TEXTO RETIRADO DO LIVRO "TEMPO: SAUDADES E ESQUECIMENTOS" Pe. Fábio de Melo.

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